Os filmes que mais anseio em 2024
por Henrique Perez
01 Conclave (Edward Berger): Primeiro longa em inglês do oscarizado alemão Edward Berger (Nada de Novo no Fronte), o filme se passa durante um conclave no Vaticano, quando o Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes) deve buscar um novo papa ideal e acaba por descobrir segredos dolorosos sobre a própria igreja no processo e questionando sua fé (mais Oscar bait impossível, risos). Baseado no premiado romance de Robert Harris. Dizem que Fiennes está espetacular e ele é desde já o favorito ao Oscar de Melhor Ator (e ninguém em Hollywood — com a exceção óbvia de Glenn Close — é mais overdue que ele pra esse prêmio). Ainda com Stanley Tucci, John Lithgow e Isabella Rossellini. A ser exibido no Festival de Toronto.
02 Hard Truths (Mike Leigh): Pouco se sabe sobre o filme, exceto que é uma tragicomédia passada em Londres. É o primeiro filme contemporâneo do gigante Mike Leigh desde o excepcional “Um Ano Mais” (2010) e o mais empolgante: sua primeira colaboração em quase 30 anos com Marianne Jean-Baptiste, que ele dirigiu em uma das maiores performances da história do cinema em “Segredos e Mentiras” (1996). Desculpem o excesso de adjetivos superlativos, mas com Mike Leigh, a expectativa é sempre grande demais. A ser exibido no Festival de Toronto.
03 I’m Still Here (Walter Salles): Baseado no romance Ainda Estou Aqui, escrito por Marcelo Rubens Paiva, sobre como sua mãe Eunice reinventou sua vida e criou cinco filhos após o desaparecimento político de seu pai (Selton Mello) na ditadura militar brasileira. É o primeiro filme de Salles desde a controvertida adaptação de “On the Road” (2012) e o reúne com Fernanda Torres (Terra Estrangeira) e Fernanda Montenegro (Central de Brasil), que se revezam como Eunice em fases diferentes do filme (impossível não lembrar de Casa de Areia). Nos bastidores da indústria cinematográfica, se fala em uma campanha milionária de distribuição do filme, que pode (e deve) finalmente levar o Brasil de volta as categorias principais do Oscar. A ser exibido nos Festivais de Veneza (na competição pelo Leão de Ouro) e Toronto.
04 The Last Showgirl (Gia Coppola): Dirigido por Gia Coppola, neta de Francis Ford, o filme acompanha uma vedete de Las Vegas que deve reinventar sua vida e se reconectar com a filha que abandonou quando o show que ela trabalha encerra abruptamente uma temporada de 30 anos por causa da pandemia. Pamela Anderson faz o papel principal e esse filme parece ser a cereja do bolo na (bem-sucedida) tentativa de Pamela nos últimos anos de tomar as rédeas de sua própria história, retomar sua carreira e finalmente ser levada a sério como a atriz (os comentários internos dão conta de que ela está excepcional). Jamie Lee Curtis também está no elenco. A ser exibido no Festival de Toronto.
05 The Piano Lesson (Malcolm Washington). Depois de Fences (2016) e Ma Rainey’s Black Bottom (2020), Denzel Washington prossegue na sua missão heroica de adaptar para o cinema todas as 10 peças de August Wilson que compõe o “ciclo de Pittsburgh”, cada uma passada em uma década do século XX, que juntas, compõe um panorama da experiência negra na América daquele século. The Piano Lesson se passa em 1936 e retrata os conflitos de uma família de classe operária dividida entre vender ou não o piano da família, passado de geração para geração desde a época da escravidão. A peça ganhou o prêmio Pulitzer em 1990. Um filho de Denzel (Malcolm) dirige e outro filho (John David) faz o papel principal. O elenco ainda tem Danielle Deadwyler e Samuel L. Jackson, que esteve na montagem original da peça Off-Broadway em 1987 (no papel principal) e na remontagem da Broadway em 2022 (como Doaker Charles, o patriarca da família, papel que reprisa agora) e tem aqui a sua melhor chance de ganhar seu tão esperado Oscar. A ser exibido no Festival de Toronto.
06 The Room Next Door (Pedro Almodóvar): Primeiro longa-metragem em inglês do lendário cineasta espanhol Pedro Almodóvar, depois de dois curtas-metragens nos últimos anos. O filme conta a história de uma correspondente de guerra doente terminal (Tilda Swinton), que se reaproxima de uma antiga amiga (Julianne Moore), pra pedir ajuda para reatar laços com sua filha ressentida antes de fazer uma eutanasia. Tilda esteve excepcional no curta de Pedro The Human Voice, gravado na pandemia; e Julianne e Almodóvar são um match óbvio e perfeito: basta assistir as colaborações dela com Todd Haynes, Longe do Paraíso (2002) e May December (2023), para constante que nenhuma atriz americana viva domina tão excepcionalmente o tom melodramático que se tornou marca registrada de Pedro. A ser exibido no Festival de Veneza, na competição pelo Leão de Ouro.
(Os filmes foram listados em ordem alfabética pelo título em língua inflesa. Apenas filmes não exibidos nos festivais do primeiro semestre foram listados.)
